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terça-feira, 24 de maio de 2011

Porque nascemos assim?

Qual a razão de realidade em que vivemos no âmbito do parto e nascimento?
 
Realmente o que eu acho é que a maioria dos médicos realmente confia na educação e treinamento que receberam. Assim como nós confiamos no contexto cultural em que vivemos e nos médicos que nos atendem, que por sua vez, acabam recebendo as demandas que fazemos e aí vira segredo de tostines. "É fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho?" Quem vai saber? Diante disso, o círculo vicioso que se forma se reforça tanto, que tomar a iniciativa de olhar pra outro lado se torna muito dificil. Às vezes esse momento de ter a oportunidade de escolher entre tomar a pílula azul e a vermelha não se apresenta! Nem todo mundo tem a sorte de Neo. Nem nós, nem os médicos. Tem gente que vive a vida toda inserido naquela cultura achando que a normalidade é aquela, aprendeu aquilo e acha que aquilo é a verdade absoluta. Tanto que pro Ric esse momento foi um divisor de águas, marcou-o intensamente e por isso ele desviou seu curso.
 
A gente está num estágio onde toda essa cultura, toda essa educação se tornaram muletas. Muletas desnecessárias, mas agora não sabemos mais andar sem elas! Precisamos fazer o caminho inverso. Eu tenho muito orgulho de nós aqui, sabia? Dessas mulheres e profissionais que nadaram contra a maré e fizeram esse caminho inverso contra todas as probabilidades e opiniões da massa. Tenho orgulho de mim por fazer parte desse grupo, de ter me permitido, de ter permanecido até agora. E tenho muito orgulho desses profissionais que morreram em suas práticas para renascerem, proscritos, renegados, em uma nova prática em prol do respeito e dignidade de outrém. Não e fácil para eles. Eles sofrem preconceito dos seus. São excluídos de círculos profissionais por isso. Praticam suas convicções muitas vezes nas sombras, recebendo ajuda de uns poucos que os "encobre", muitas vezes temendo serem descobertos pelas autoridades das instituições onde atuam e serem chamados atenção, como se aquela prática fosse errada, ilegal. Eles vêem as poucas instituições onde podem atuar perderem suas salas de "PPP" para máquinas mais lucrativas e tecnologias mais rentáveis. Eles têm suas carreiras ameaçadas a cada passo que dão, pois qualquer erro deles têm um peso vinte vezes maior do que um erro de um médico que dança conforme a música dessa cultura. É mais fácil sucumbir. Como nós, é mais fácil confiar, delegar a responsabilidade sobre nossos corpos, saúde e partos a um médico. Não temos nada cassado como eles, mas corremos o risco de termos nossa consciência para sempre maculada caso algo de ruim aconteça se formos subversivas e peitarmos a cultura vigente. É mais fácil usar o plano ou o SUS do que ter que pagar, aliás é JUSTO. Quero ter esse direito. Mas não é assim. Se quiser ir contra a maré, eu tenho que bancar. Tenho que absorver o gasto, tenho que adquirir o conhecimento para não ser enganada, tenho que ir contra quem "entende" do assunto e estudou para tal, quem sou eu?
 
Gente, é de pirar a cabeça.
 
Me consola saber que muitas de nós, fomentando essa discussão, agindo, as vezes apenas parindo mesmo, fazemos o papel daquele que oferece a pílula vermelha. Cabe a cada um tomar ou não e trilhar o seu caminho, como cada um aqui fez. E assim vamos "criando a demanda", como eu gosto de dizer. E fazendo o contrário do segredo de tostines, fazendo o caminho inverso.

3 comentários:

  1. Parabéns pelo texto Ana! Também me sinto um pouco assim, nadando contra a maré mas ao mesmo tempo sabendo que isso vai fazer muita diferença na minha relação com meu filho(a)! Bjus e que continuemos remando contra a maré!

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  2. parabéns pelo texto [2]

    é realmente muito difícil nadar contra a corrente, mesmo com a certeza de que se está fazendo o melhor (para si, para os filhos, para o planeta...)
    é bom saber que existem pessoas fortes o bastante para sustentar suas opiniões e lutar pelo que acreditam. só assim as coisas mudam!

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  3. é q nessa rede de mamães conscientes a gente acaba se esbarrando, né? tantos blogs e listas de discussões bacanas que tem por aí...
    o [pQp] tá abandonado há algum tempo (liguei o foda-se, sabe como é?), mas te digo q desde aquela postagem (que já tem dois anos) a minha vida mudou completamente. hoje sou livre, saudável e feliz. faz bem tapar os ouvidos pro mundo e escutar aquela vozinha que grita dentro da gente. no final das contas, só quem sabe o que é bom de verdade somos nós mesmas.
    precisa ter coragem pra enfrentar o mundo sendo tão diferente do "senso comum". mas compensa, isso eu garanto!
    :)

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