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terça-feira, 23 de setembro de 2014

Sobre o sexismo

É muito dificil... como mãe de menino, digo que essa questão do sexismo é uma luta contra a correnteza. O mundo constrói o sexismo na cabeça deles e a gente desconstrói, o mundo constrói de novo, a gente desconstrói mais uma vez. Por aqui eu tenho um menino que gosta, entre diversas outras coisas, de barbie. Eu deixo ele assistir o desenho quando ele pede, e faço roupinhas pra barbie dele que ele me pediu pra dar de presente e eu dei. Assim como dei carrinhos, massinha, boneca, dedoches e o que mais ele me pediu, quando achei que cabia. Essa barbie já foi pra escola algumas vezes. No caminho e na escola eu ouvi falarem pra ele "mas isso não é de menina?", "não acredito! Andrej brincando de barbie?", "uá, virou menina, por acaso?"... Enquanto isso eu ouvi "você não tem medo do que as pessoas vão falar pra ele?", "meu primo teve uma barbie, hoje ele é gay". Na própria família teve gente falando "você vai dar/deu uma barbie pra ele? =O Porque?!?!", "ah, dá outra coisa pra ele, barbie não". Ontem ele chegou em casa querendo brincar de corrida de carrinho. Na noite anterior ele chegou pedindo pra eu pegar a Felícia, uma boneca que ele tem, porque ele queria trocar a fralda dela. Na escola tem uma sala cheia de fantasias. Tem dias que ele gosta de se vestir de homem aranha, dias que ele bota o vestido da branca de neve. Ele é feliz brincando do que gosta, quando gosta. Eu embarco feliz em todas as brincadeiras dele. E eu não tenho a menor pretenção de estragar isso com conceitos esdrúxulos como "isso é de menino, isso é de menina", "isso pode, isso não". Eu não incentivo que ele goste de barbie, como não incentivo que ele goste de carrinho, ou se vista de determinada cor. Ele sempre foi e sempre vai ser livre pra fazer/gostar/brincar/ser o que quiser. Não tenho medo que ele se torne gay porque não vejo problema em ele ser gay, se assim ele se descobrir. É muito, muito difícil criar uma criança sem sexismo. Criar uma criança pra ser feliz e ponto. O mundo lá fora te desmente o tempo todo. Mas a gente por aqui não esmorece, segue em frente desconstruindo, desconstruindo, desconstruindo...

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Ativista mode: ON

Tem tempo que eu não escrevo aqui. Mas está acontecendo algo que vale a pena fazer o blog renascer das cinzas e ferver em todo seu esplendor ativista.

Quando eu escrevia aqui com frequência eu era uma mulher em busca de uma experiência de parto transformadora e linda. Eu não tive o parto que sonhei, mas a experiência definitivamente foi transformadora. eu busquei, me informei, eu vislumbrei. E eu mudei. Não só no âmbito mãe/mulher, mas como cidadã.

Aqui quem vos fala não é mais apenas uma mulher que se transformou em mãe. É uma ativista. Posso me considerar assim, porque o meu sangue ferve quando o assunto é respeito à mulher na hora do parto. Meu filho já tem 2 anos e eu estou nesse meio desde antes de engravidar. Já vi médicos surgindo pra bancar a humanização, parteiras começando a trabalhar, doulas se formando, grupos e blogs se multiplicando, médicos em fim de carreira, grávidas que vêm cheias de dúvidas e se vão mães cheias de poder, outras que, como eu, ficam e lutam para que mais e mais mulheres completem esse ciclo, já vi bebês nascendo, começando a andar, a falar, vi uma, duas barrigas de mesmas mães... Não tenho filiações, não sou doula, nem educadora perinatal, nem parteira, tampouco médica... Mas eu luto. Luto porque acredito. Acredito que TODAS as mulheres têm o direito de viver essa experiência transformadora, da qual hoje é tão difícil sair ilesa por conta da cultura insalubre e do sistema capitalista que suga todas para a indústria do nascimento com tamanha voracidade.

A todas, tenho apenas um conselho: VALE A PENA NADAR CONTRA A MARÉ.


A MARCHA:

Recentemente fomos testemunhas de uma onda de perseguição à estes profissionais e instituições Brasil a fora.:

- Primeiro, o coordenador da Santa Casa de Sorocaba/SP, Bráulio Zorzella vinha sofrendo represálias por estar conseguindo, através do estímulo de condutas baseadas em evidencias científicas, diminuir a taxa de cesarianas em sua instituição (assinem a petição online em apoio à ele:  http://www.peticaopublica.com.br/?pi=07102013) ;

-Depois, por adotar as mesmas condutas, a obstetra paulista Andrea Campos foi descredenciada da Maternidade São Luis, onde realizava um trabalho respeitoso no que toca o protagonismo feminino. Junto com isso, a maternidade também proibiu doulas de entrarem no centro obstétrico;

-Da mesma forma, em Curitiba, a enfermeira obstétrica Adelita Gonzalez foi afastada de sua função na Maternidade Victor Ferreira do Amaral por seguir uma consuta humanizada, contrária às práticas do hospital. Para dar seu apoio à Adelita, assine: http://www.change.org/pt-BR/peti%C3%A7%C3%B5es/carta-de-rep%C3%BAdio-pelo-afastamento-da-enfermeira-obstetra-adelita-gonzalez

-No Rio de Janeiro, a Maternidade Maria Amélia Buarque de Holanda, única maternidade pública na cidade a adotar práticas baseadas em evidências científicas e manter impressionantes 18% de taxas de cesarianas, a mais próxima do preconizado pela OMS, está sendo bombardeada pela mídia sensacionalista, que vem alardeando sobre mortes de bebês na Instituição alegando que as mortes ocorreram porque a Instituição "força o parto normal". Quem consome tais notícias, provavelmente nunca vai saber que essas 4 mortes aconteceram ao longo de todo esse ano, e que mais de 3.000 bebês nasceram somente no primeiro semestre, que uma das mortes á sabido que a mãe chegou à maternidade transferida de outra instituição com o feto já em óbito para uma indução e que nenhuma instituição tem taxas zero de morbidade materno-fetal. Inclusive, estudos comprovam que cesáreas eletivas aumentam a incidência de morte fetal em 2,5 vezes. Mas isso não interessa para quem se beneficia com a cultura cesarista.

E é por isso que amanhã, dia 19 DE OUTUBRO DE 2013, o coletivo MARCHA PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO se ergue novamente em um Ato. Desta vez, em apoio à profissionais e instituições que baseiam suas práticas em evidências científicas e recomendações do Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde.

imagem por Thalita Dol Essinger

Meu coração nesse momento não cabe no peito. O movimento, que teve início ano passado para protestar contra resoluções do CREMERJ (e que foram derrubadas!), se fortaleceu de tal forma que hoje somos 34 (TRINTA E QUATRO!!!) cidades participando. Mais e mais mulheres hoje entendem que tomar as rédeas do seu corpo e parto pode transformar o mundo. Sabemos que as represálias são fortes porque estamos fazendo barulho. Estamos deflagrando um sistema cruel e as mulheres estão cada vez menos caladas e conformadas.

Junte-se à nós amanhã! Abaixo, a lista de cidades com seus eventos do facebook:

Bertioga - (A CONFIRMAR)
Lajeado - (A CONFIRMAR)
Poços de Caldas - (A CONFIRMAR)
Vitória - https://www.facebook.com/events/193254990859547/


Se você não sabe o que humanização ou violência obstétrica e desconhece a cultura de nascimento no Brasil, abaixo estão algumas informações valiosíssimas:







Até amanhã!!!!!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Carta Oficial de Convocação à MARCHA PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO


"Prezados(as),

Como mulher, cidadã, mãe e gestante, a favor da Humanização da assistência ao parto no Brasil, me sinto indignada com as resoluções do Cremerj publicadas no dia 19 de julho de 2012: a resolução de nº 265/12, que visa punir os médicos cariocas que prestarem assistência a partos domiciliares assim como aqueles que fizerem parte de equipes de retaguarda caso a mulher que opte por um parto domiciliar necessite de remoção a um hospital; e a resolução nº 266/12 que proíbe a participação de “doulas, obstetrizes, parteiras etc” (conforme o texto original) em partos hospitalares.

As resoluções supracitadas, além de ferir o nosso direito de escolha sobre quem nos acompanhará e o local de nascimento de nossos filhos, são opostas ao que recomenda a OMS, o Ministério da Saúde e as mais atualizadas evidências científicas. Assim, estamos organizando uma manifestação em repúdio a essas resoluções, a favor da Humanização do Parto e Nascimento e pela soberania da mulher sobre seus direitos sexuais e reprodutivos.

Convido aos cidadãos e cidadãs e instituições a participarem e apoiarem a MARCHA PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO.

A MARCHA PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO acontecerá no dia 05/08/2012, com concentração às 14 horas na Praia de Ipanema, altura do posto 9.

Mulheres, homens de outros estados sintam-se à vontade para juntarem-se à nós, organizando mobilizações locais, nos moldes da Marcha do Parto em Casa! Esse é o nosso momento, nossa voz está sendo ouvida! Vamos cultivar as Sementes da Humanização por todo o Brasil!

As bandeiras da MARCHA PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO são:

Que a Mulher tenha o direito de escolher como, com quem e onde parir;Pelo cumprimento da Lei 11.108 de abril de 2005. Que a mulher tenha preservado o direito ao acompanhante que ela desejar na sala de Parto;Que a mulher possa ter o direito de acompanhamento de uma Doula em seu trabalho de parto e parto;Que a mulher, sendo gestante de baixo risco, tenha o direito de optar por um parto domiciliar planejado e seguro, com equipe médica em retaguarda caso necessite ou deseje assistência hospitalar durante o Trabalho de Parto;Que a mulher tenha o direito de se movimentar livremente para encontrar as posições mais apropriadas e confortáveis durante seu trabalho de parto e parto;Que a mulher possa ter acesso a métodos naturais de alívio de dor durante o trabalho de parto, que consistem em: massagens, banho quente, compressa, etc;Contra a Violência Obstétrica e intervenções desnecessárias que consistem em: comentários agressivos, direcionamento de puxos, exames de toque, episiotomia, litotomia, etc;Pela fiscalização das altas taxas de cesáreas nas maternidades brasileiras e que as ações cabíveis sejam tomadas no sentido de reduzir essas taxas;Pela Humanização da Assistência aos Recém-Nascidos, contra as intervenções de rotina;Que a mulher que optar pelo parto domiciliar tenha direito ao acompanhamento pediátrico caso deseje ou seja necessário.

Todas as nossas bandeiras são respaldadas por evidências científicas e recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Federação Internacional de Ginecologia e Obstetricia (FIGO), Ministério da Saúde entre outras.

Chegou a hora de darmos um basta à mercantilização do parto e nascimento, não somos rebanho, não somos mercadoria, somos Humanos e temos o direito de receber nossos filhos cercados de amor, paz e, primordialmente, RESPEITO!

Contamos com seu apoio, divulgação e presença!

Maria Antonieta Oliveira

MARCHA PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO

Organizadoras:
Maria Antonieta Oliveira: (21) 8416-2787/ antonieta.oliv@gmail.com
Ana Kacurin: (21) 8817-3993/ anapaulakacurin@gmail.com

Assessoria de Imprensa:
Ellen Paes (21) 8724-3139

Apoiadoras na promoção e organização:
Paula Ceci Villaça: (21)8603-1925 / paulaceci78@yahoo.com.br
Renata Souto Deprá: (21) 81351139 e 22326569/ renata@espacomamifera.com.br
Roberta Calábria / (22) 9705-8813 (vivo) / contato@eccomama.com.br
Ana Cordeiro
Rebeca Bricio
Thalita Dol Essinger: (21) 94917104 / thalitadol@gmail.com

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Mitos do parto em casa por Ana Cristina Duarte

Mitos do Parto em Casa I: a parteira chega a cavalo ou de bicicleta, e a tiracolo uma bolsa com 3 panos lavados e um livro de rezas.
Verdade: o material que vai no carro do profissional inclui oxigênio, máscara, ambu, material de sutura, anestésico local, instrumentos esterilizados, drogas para contenção hemorragia, luvas estéreis e outros 20 itens.

Mitos do Parto em Casa II: a parteira é uma senhora boa e rezadeira de 70 anos, que aprendeu o ofício com sua mãe.
Verdade: o profissional que atende parto domiciliar é médico, ou enfermeira obstetra, ou obstetriz, formados em cursos superiores e com experiência em atendimento de partos normais, com e sem complicações.

Mitos do Parto em Casa III: A idéia é nascer em casa custe o que custar, então se complicar, complicou, paciência.
Verdade: o parto começa em casa, mas acaba onde tiver que acabar. Se houver algum sinal de que talvez o parto possa vir a complicar, já é feita a remoção para o hospital.

Mitos do Parto em Casa IV: nos países da Europa onde existe o parto em casa, há uma ambulância na porta de cada mulher que está em trabalho de parto.
Verdade: PUTZ!!! Essa é a maior de todas as mentironas do século XXI! Não existe ambulância na porta em nenhum lugar do mundo!

Mitos do Parto em Casa V: Qualquer mulher pode conseguir um parto em casa.
Verdade: Mulheres que desenvolveram complicações não poderão ter um parto em casa, porque os riscos são aumentados.

Mitos do Parto em Casa VI: Se o bebê precisar de alguma coisa, ele vai morrer.
Verdade: Todo o material que tem para ajudar um bebê num hospital também está presente no parto em casa. Só não será possível fazer assistência a longo prazo pela falta de equipamento adequado.

Mitos do Parto em Casa VII: Se a mulher "rasgar" ficará aberta para sempre, amém.
Verdade: O profissional tem todo o material para reparação de lacerações, do anestésico aos fios especiais de alta absorção.

Mitos do Parto em Casa VIII: Um parto de baixo risco vira de alto risco de uma hora para outra
Verdade: Menos de 1% das complicações acontecem de uma hora para outra. A maioria são longas evoluções de horas e horas, até se configurar uma mudança de faixa de risco.

Mitos do Parto em Casa IX: depois do parto fica a sujeira para a família limpar
Verdade: Faz parte do atendimento do parto a limpeza completa de todo o ambiente onde o bebê nascer, a retirada dos vestígios de sangue, e a arrumação.

Mitos do Parto em Casa X: O parto em casa está proibido ou os médicos estão proibidos de atender parto em casa.
Verdade: Nâo existe qualquer proibição. O Conselho de medicina de SP publicou uma matéria de jornal interno dizendo que não aconselha. Isso não é proibição. O conselho tem todas as ferramentas legais para proibir, mas não o fez.

Mitos do Parto em Casa XI: Há grande risco de contaminação, pois não é possível esterilizar a casa.
Verdade: primeiro que o hospital não é esterilizado, pelo contrário, está cheio de bactérias resistentes. Segundo, que o parto normal não ocorre em local estéril em qualquer lugar do planeta.

Mitos do Parto em Casa XII: O bebê tem que ficar em observação depois que nasce, por isso precisa de enfermeiros no hosiptal.
Verdade: O bebê fica em observação pela equipe após o nascimento e tal qual no hospital ficará em alojamento conjunto com a mãe, recebendo as visitas diárias até a "alta".

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Mindu 5 meses e 20 dias

Não escrevo há mt tempo! Estou curtindo mt ser mãe! Passado o susto e a angústia do nascimento louco do Andrej que fez do meu pós parto um furacão, hoje vivemos num mar de gostosura, sapequice e união. Escrevo com mais calma depois, por ora fiquem com isso:

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Trailer Renascimento do Parto

Não tenho palavras para expressar o orgulho que estou sentindo dessa equipe maravilhosa que acompanhou minha gravidez e parto poe esse trabalho lindo que está no forno. Trata-se de um longa metragem sobre a forma de se nascer na civilização nos dias de hoje e promete ser lindo e emocionante como tudo que nos leva de volta às nossas origens.

Heloisa Lessa foi minha parteira, Fernanda Macedo é minha ginecologista e foi minha obstetra e o Ricardo Chaves é nosso pediatra. Os demais são igualmente pessoas extraordinárias que dedicam suas vidas a mudar a forma de se nascer no mundo em prol do amor.

Assistam o trailer abaixo e aguardem o filme em março de 2012.