Pesquisar este blog

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Unidos, resistimos. Divididos, caímos.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Porque nascemos assim?

Qual a razão de realidade em que vivemos no âmbito do parto e nascimento?
 
Realmente o que eu acho é que a maioria dos médicos realmente confia na educação e treinamento que receberam. Assim como nós confiamos no contexto cultural em que vivemos e nos médicos que nos atendem, que por sua vez, acabam recebendo as demandas que fazemos e aí vira segredo de tostines. "É fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho?" Quem vai saber? Diante disso, o círculo vicioso que se forma se reforça tanto, que tomar a iniciativa de olhar pra outro lado se torna muito dificil. Às vezes esse momento de ter a oportunidade de escolher entre tomar a pílula azul e a vermelha não se apresenta! Nem todo mundo tem a sorte de Neo. Nem nós, nem os médicos. Tem gente que vive a vida toda inserido naquela cultura achando que a normalidade é aquela, aprendeu aquilo e acha que aquilo é a verdade absoluta. Tanto que pro Ric esse momento foi um divisor de águas, marcou-o intensamente e por isso ele desviou seu curso.
 
A gente está num estágio onde toda essa cultura, toda essa educação se tornaram muletas. Muletas desnecessárias, mas agora não sabemos mais andar sem elas! Precisamos fazer o caminho inverso. Eu tenho muito orgulho de nós aqui, sabia? Dessas mulheres e profissionais que nadaram contra a maré e fizeram esse caminho inverso contra todas as probabilidades e opiniões da massa. Tenho orgulho de mim por fazer parte desse grupo, de ter me permitido, de ter permanecido até agora. E tenho muito orgulho desses profissionais que morreram em suas práticas para renascerem, proscritos, renegados, em uma nova prática em prol do respeito e dignidade de outrém. Não e fácil para eles. Eles sofrem preconceito dos seus. São excluídos de círculos profissionais por isso. Praticam suas convicções muitas vezes nas sombras, recebendo ajuda de uns poucos que os "encobre", muitas vezes temendo serem descobertos pelas autoridades das instituições onde atuam e serem chamados atenção, como se aquela prática fosse errada, ilegal. Eles vêem as poucas instituições onde podem atuar perderem suas salas de "PPP" para máquinas mais lucrativas e tecnologias mais rentáveis. Eles têm suas carreiras ameaçadas a cada passo que dão, pois qualquer erro deles têm um peso vinte vezes maior do que um erro de um médico que dança conforme a música dessa cultura. É mais fácil sucumbir. Como nós, é mais fácil confiar, delegar a responsabilidade sobre nossos corpos, saúde e partos a um médico. Não temos nada cassado como eles, mas corremos o risco de termos nossa consciência para sempre maculada caso algo de ruim aconteça se formos subversivas e peitarmos a cultura vigente. É mais fácil usar o plano ou o SUS do que ter que pagar, aliás é JUSTO. Quero ter esse direito. Mas não é assim. Se quiser ir contra a maré, eu tenho que bancar. Tenho que absorver o gasto, tenho que adquirir o conhecimento para não ser enganada, tenho que ir contra quem "entende" do assunto e estudou para tal, quem sou eu?
 
Gente, é de pirar a cabeça.
 
Me consola saber que muitas de nós, fomentando essa discussão, agindo, as vezes apenas parindo mesmo, fazemos o papel daquele que oferece a pílula vermelha. Cabe a cada um tomar ou não e trilhar o seu caminho, como cada um aqui fez. E assim vamos "criando a demanda", como eu gosto de dizer. E fazendo o contrário do segredo de tostines, fazendo o caminho inverso.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Semana Mundial pelo Respeito ao Parto e Nascimento

A Semana Mundial pelo Respeito ao Parto e Nascimento ocorre este ano na semana de 15 a 22 de maio. Este movimento acontece em diversos países desde 2004 e começou por iniciativa da Alliance Francophone Pous L'Accouchement Respecté (AFAR). Saiba mais no site da SMAR.




terça-feira, 17 de maio de 2011

Isopor é reciclável!

Gente, descobri recentemente que isopor é reciclável!!! Nossa, eu fiquei tão feliz com essa notícia... eu sempre fiquei com raixa dos estabelecimentos que usavam embalagens de isopor, odiava comprar eletrodomésticos que vinham com um quilo de isopor protegendo. AMEI saber disso. Soube porque meu marido (que também odeia coisas não-ecológicas e sempre engrossou meu coro contra os isopores) me mandou um link com a seguinte reportagem:




Ele está presente em nossas vidas de diversas formas, seja na bandeja de alguns produtos no supermercado, na proteção da TV nova ou até na decoração da festinha de aniversário das crianças. O isopor, nome comercial do poliestireno expandido (EPS), é um material essencial nos dias de hoje e que todo mundo conhece. O que pouca gente sabe é que esse tipo de plástico pode ser 100% reciclado.
Feita a partir de um derivado do petróleo, essa espuma possui de 97% de seu volume constituído de gases. Inodoro, reciclável, não poluente e fisicamente estável, o isopor se popularizou no mundo todo e possui inúmeras serventias.
Mas o que acontece com o material após o uso? Por não saber da possibilidade de reciclagem, muita gente nem cogita separar o isopor junto com os demais recicláveis, como vidro, papel e metal. Uma pesquisa feita pela empresa de embalagens Meiwa, de São Paulo, apontou que apenas 7% dos brasileiros sabem que o isopor é totalmente reciclável.
Como consequência, o material acaba indo parar no lixo comum, e segue para os aterros e lixões de todo o país. Apesar de não possuir substâncias que poluam o meio ambiente, o isopor pode dificultar a decomposição de materiais biodegradáveis e impedir a penetração da água no solo. Por ocupar um grande volume, ele também reduz a vida útil dos aterros.
Reciclagem
A solução, portanto, é a reciclagem, que pode ser feita de três formas. A reciclagem mecânica transforma o isopor em matéria-prima para a fabricação de novos produtos. A energética usa o poliestireno para a recuperação de energia, devido ao seu alto poder calorífico. Já a reciclagem química reutiliza o plástico para a fabricação de óleos e gases.
Ao ser queimado em usinas térmicas para a geração de energia, o poliestireno se transforma em gás carbônico e vapor d’água, o que representa pouco risco à saúde humana e ao meio ambiente.
A reciclagem mecânica é a forma mais comum de reaproveitar o material. O processo acontece geralmente em três etapas:
1 - Na primeira, o isopor é recolhido e separado pela coleta seletiva e encaminhado para as cooperativas de reciclagem.
2 - Já limpo e segregado, o isopor passa por uma máquina que retira o gás presente em seu interior, formando o material em fardos compactos ou tarugos, que seguirão para a recicladora.
3 - Quando chega ao local da reciclagem, os EPS são triturados, derretidos e granulados, voltando a ser uma matéria prima que poderá ser utilizada na fabricação de diversos produtos, como molduras para quadros, objetos decorativos, solado plástico para calçados, rodapés, brinquedos, peças técnicas e até insumo para concreto leve. O isopor reciclado só não pode ser utilizado para embalar alimentos.
Agora que você já sabe que o isopor pode ser reciclado, nada de jogá-lo no lixo comum. Após o uso, lave-o e jogue-o no coletor vermelho, próprio para plásticos."


Então, pessoas que amam o planeta, mãos à obra pra separar o isopor pra reciclagem também!!!!!!

Mamaço em São Paulo

Não podia deixar de divulgar esse fantástico texto da Cláudia Rodrigues no Buena Leche:

"Amamentação e Sexualidade


Entre 50 e 100 nutrizes estiveram presentes numa manifestação batizada como "mamaço" na última quarta-feira numa galeria de exposição do Itaú Cultural, em São Paulo. O evento, um protesto pacífico, ocorreu poucos meses depois de uma mãe ter sido impedida de amamentar ali mesmo. Casualmente ela colocou a queixa numa rede de relacionamentos, por coincidência a rede social vinha retirando fotos de mulheres amamentando em nome da moral e dos bons costumes. Foi o estopim para surgir um evento organizado com apoio do próprio Itaú Cultural. As belas fotos de mulheres amamentando estamparam as capas dos sites de jornais da capital e como era de se esperar, a cobertura ficou no básico sobre o evento; número de presentes, que cada site calculou de um jeito, uma ou outra palavra de manifestantes e só.
Uma pena que nenhum repórter de plantão se perguntou: mas como é mesmo esse negócio de preconceito contra os peitos das mulheres que amamentam? Eu tenho isso? O colega ao lado tem? De onde nasceu isso? Nham nham, teria aqui na redação umas boas fontes para responderem essas questões?
Não deu tempo nem para pensar, zarparam os repórteres para cobrir o óbvio. Os colunistas saíram correndo atrás comendo poeira da notícia mal coberta. Alguns, politicamente corretos, defendem o movimento, embora insistam em separar peito com leite de sexualidade.Outros literalmente talharam o leite das colunas, como João Pereira Coutinho, da Folha de São Paulo, ao comparar direito de amamentar com direito de se masturbar, tomar banho ou fazer sexo em público. Coitado do rapaz, ficou assustado com as belas madonas, entrou fundo no buraco do que não teve e eureka: peito e sexo, algo a ver! Mas o quê exatamente? Fez uma salada russa do seu quase insight.
As militantes enraiveceram-se, a coluna do moço nunca foi tão visitada na vida, mas algumas delas, inconformadas com as comparações bizarras na coluna do João, enfiaram os pés pelos peitos e insistiram na premissa de que peito amamentando não tem nada a ver com sexualidade.  Uma pena, enquanto não enfiamos o dedo na ferida, ela não cura e a militância deveria saber que peito amamentando não perde sua função sexualizada, que o olhar dos homens para um par de peitos femininos, com ou sem bebê mamando, é um olhar sexualizado e pode ser confuso, mas tão confuso para um homem -- embora não seja para todos – ver um peito feminino exposto, sendo sugado, que ele desate a pensar, sentir, falar ou escrever besteirol infantilizado, mesmo quando tem uma boa formação, uma boa educação, como parece ser o caso do jovem colunista. Peitos de mulher sempre tirarão homens do sério levando-os para sonhos oníricos de tempos inconscientes. Mais do que isso, e quando entramos nas sombras, um par de peitos amamentando pode causar problemas na vida de muitos casais, impedindo o breve retorno da vida sexual ou literalmente levando o sujeito a permanecer sexualmente descomprometido com a -santa- mãe dos seus filhos. Aconteceu com Elvis Presley, por exemplo, e acontece todos os dias, tudo porque peito é sexualidade, peito mexe com a sexualidade de homens e mulheres e peito é, para a sorte desses bebês que mamam, a primeira grande lição de sexualidade feliz, plenamente satisfatória. 
A militância pode e deve promover mamaços, mas que seja de cabeça feita, sem falsos moralismos de que esse nobre gesto é assexuado como uma pintura bem comportada. Amamentar tem cheiro, cor, prazer de ambos os lados, muita satisfação em esvaziar e ser esvaziada, parece muito com um ato sexual sim, é sexualidade primária, fundamental, de base e quem não viveu ou não processou esse grounding da sexualidade humana de algum jeito, sofre, se confunde, não consegue ver, ouvir ou conviver com a amamentação de forma espontânea. Nas mulheres um dos sintomas, triste sintoma, é não conseguir amamentar.
Muitas fobias e transtornos relacionados à amamentação, ao desmame
e até mesmo um eventual prolongamento da licença-maternidade, que no Brasil é escandalosamente curta justamente porque não leva em conta as necessidades de aleitamento do bebê, podem ser resolvidos com um melhor entendimento da sexualidade via amamentação. O conhecimento sobre o gesto ancestral que possibilitou a sobrevivência da espécie humana não se encerra no fisiológico. Somos seres culturais, padecemos e temos prazeres intensos via cultura e nosso caldo psíquico, ainda que rico e esclarecedor, continua sentado no cantinho do castigo moral. É preciso alongar o olhar sobre os bastidores internos do tema, afinal entre a visão equivocada de que amamentar é apenas candura assexuada e o nojinho sarcástico de quem não desfrutou das bases da sexualidade humana, tem chão a ser percorrido.
O rapaz que escreveu a coluna na Folha não mamou prazerosamente por meses a fio na própria mãe, posso afirmar isso sem conhecê-lo, sem que ele tenha mencionado e me arrisco a afirmar porque um homem que mamou prolongadamente em sua mãe não fica tão confuso diante da sexualidade emanada da amamentação. O homem que um dia mamou prolongadamente em sua mãe conhece bem o corpo de uma mulher, sabe que aquele mesmo par de peitos tem múltiplas funções e vê com naturalidade a função básica, a mais fisiológica dos seios femininos, sem que isso o cinda, sem separar o peito que amamenta do peito que dá prazer sexual. Sem nóias, sem perversões."

terça-feira, 10 de maio de 2011

Ajude a garantir que Convênios paguem pelo Acompanhante no parto!

Amigos,

A ANS está atualizando o Rol de Procedimentos (o Rol de Procedimentos é a lista de procedimentos de cobertura obrigatória para todos os planos de saúde). Essa atualização está aberta para participação popular. E termina no dia 14 deste mês. (só temos esta semana!!!)

Precisamos participar para que os planos de saúde estejam explicitamente obrigados a cobrir as despesas de paramentação do acompanhante e também que o acompanhante possa estar ao lado da parturiente pelo tempo garantido por lei. (De acordo com a legislação, o direito à presença do acompanhante é desde o pré-parto, parto e 10 dias após o parto... mas de acordo com o Rol antigo, os planos de saúde estão obrigados a cobrir as despesas de apenas 24h após o parto).

Qualquer pessoa pode participar.

Precisamos fazer uma chuva de solicitações para que o direito ao acompanhante esteja de fato incluído no Rol de Procedimentos!! Vale a pena entrar lá, preencher e enviar... é um formulário no site da ANS.

Aqui vai um pequeno guia. Mas fiquem à vontade para preencher da forma que acharem necessário. Repassem para seus contatos, e para quem vcs conhecem que precisaram pagar taxa para o acompanhante, e para quem é contra essa cobrança indevida...


Tutorial para participar da Consulta Pública:

Preencha os campos abaixo:

Tipo de Usuário: Consumidor


Tipo de Contribuição: Alteração de artigo de Resolução Normativa

Selecione o Artigo a ser alterado: Art. 19º

Insira a alteração do Artigo selecionado: (copie e cole)
I - cobertura das despesas, incluindo  acomodação, alimentação e paramentação quando necessária relativas ao acompanhante indicado pela mulher durante o pré-parto, parto e até 10 dias do pós-parto, de acordo com a Lei 11.108, de 7 de abril de 2005, ou outra que venha substituí-la;

Justificativa: (copie e cole)
Hospitais estão realizando cobrança do usuário referente à "taxa de paramentação do acompanhante" como condição para que o acompanhante possa estar presente no parto. Essa taxa deve ser cobrada do plano de saúde. E de acordo com a Portaria 2.418 de 2005 que regulamenta a Lei Federal nº 11.108/05, o "pós-parto imediato" citado na referida lei foi definido como os primeiros 10 dias após o parto.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A maternidade como trabalho não pago

Segue uma matéria publicada no blog Blogueiras Feministas que achei interessantíssima. Vale ler:


"A maternidade como trabalho não pago

Já falamos sobre as mulheres e o mercado de trabalho, mas não custa relembrar: a discriminação sofrida pelas mulheres na vida profissional se dá, principalmente, pela possibilidade delas terem que se ausentar de suas funções produtivas por conta da maternidade, seja para gerar e dar a luz a uma criança (o que implica em meses de licença), seja para, no dia-a-dia, resolver questões relativas à saúde e à educação de sua prole. As bases para essa discriminação residem em duas crenças: 1) a de que as tarefas de reprodução são obrigações inerentes às mulheres, 2) que são questões essencialmente privadas.
                  

Sobre a exigência de que a mulher assuma inteiramente (ou a maior parte) das tarefas de manutenção do lar e cuidados com crianças e idosos também já tratamos aqui. É como se à mulher tivesse sido permitido o acesso à realização profissional contanto que ela continuasse respondendo pelas tarefas que lhe foram destinadas na divisão sexual do trabalho. Daí que, quem quer/precisa trabalhar fora delega este trabalho a outra mulher, seja ela remunerada (babá ou empregada doméstica, ou uma vizinha que improvisa uma creche em sua sala) ou não (avós, outros parentes e até crianças mais velhas). Mesmo aquelas poucas que tiveram a sorte de encontrar uma vaga em creches públicas ou tem condições de pagar por berçários (onde a imensa maioria das funcionárias são, não por acaso, mulheres) se vêem, vez ou outra, com a necessidade de adiar compromissos profissionais quando a criança fica doente. Raramente o pai falta ao trabalho quando o filho tem febre.
Mas eu queria focar um pouco mais na função social de colocar uma criança no mundo. Pensando economicamente, interpretando a Economia como a ciência que estuda também a administração da escassez de recursos, não falta gente no mundo. E quando algo é abundante, ou seja, a oferta é  maior do que a demanda, os preços tendem a cair. Se este “algo” não tiver uma relação mercantilizada, fica ainda mais difícil estabelecer um valor, porque nossa noção mais imediata depende disso, do quanto se paga por algo. Por isso tendemos encarar a reprodução de um ponto de vista exclusivamente privado, sem atentar para o valor que ela agrega. Só que independentemente da ideologia política com a qual analisamos a questão, sendo anarquista, comunista ou liberal convicto, não é assim. A reprodução, mais do que um instinto de preservação da espécie ou uma realização social é também uma necessidade social.
Quero focar minha análise no ponto de vista liberal, para não depender de sensibilidades humanistas em meus argumentos. Considerando apenas a realidade capitalista, é preciso que haja manutenção da mão de obra e do mercado consumidor. O mercado e o capital, sozinhos, não dão conta disso, porque ainda não existe tecnologia capaz de reproduzir as condições do útero de uma mulher. Depois do bebê gerado, é preciso que alguém se encarregue de seus cuidados básicos, de sua saúde e sua educação (não só a formal, como a social,  emocional, etc). Este cidadão ou cidadã em formação já consome antes de ser capaz de produzir, e chega ao mercado apto para ser mão de obra (o que varia é seu grau de qualificação). O mercado arca com parte dessas despesas? Sim, mas com uma parcela ínfima delas, se considerarmos a parcela dos impostos voltada para estes fins e os eventuais programas de benefícios corporativos. E as principais responsáveis hoje pela manutenção desse trabalho essencial para continuação da espécie são discriminadas.
Muito bonito o discurso, mas o que você tem a ver com os filhos dos outros? Você sequer quer ter filhos! Bom, se você pretende, um dia, se aposentar, é o trabalho da nova geração quem vai permitir isso. Você não conta com a previdência pública e tem um fundo de aposentadoria privado? Acho que depois da crise de 2008 você já deveria saber, mas não custa lembrar: não existe reprodução automática nem de dinheiro. Só o capital especulativo não garante a sua pensão, se não houver um trabalho produtivo que o suporte. Na dúvida, pergunte para o pessoal da Islândia que eles te explicam direitinho. Ah, mas quanta bobagem, não para de nascer gente no mundo! Mais ou menos. O último censo  já encontrou no Brasil menos gente do que estimava encontrar. As mulheres estão tendo menos filhos, as pobres inclusive. As de classe média alta, justamente aquelas que terão condições de sustentar um filho até ele se formar geriatra pra cuidar das nossas artrites, menos ainda.
Acho fundamental que neste dia das mães desvinculemos um pouco a questão reprodutiva dos afetos pessoais, dessa imagem da mãe sacralizada e abnegada, aquela disposta aos maiores sacrifícios em nome de sua prole. Mães são também trabalhadoras não-remuneradas, que pelo modelo atual de família e mercado tendem a arcar individualmente com um ônus imenso em nome do bônus coletivo. Oferecer melhores condições para que desempenhem este trabalho, quer seja dentro da família, com o pai assumindo mais tarefas, quer seja no ambiente de trabalho, com tolerâncias às ausências justificadas de quem tem crianças sob sua responsabilidade sem que isso reflita em prejuízos ao seu desenvolvimento profissional, não é portanto uma questão de solidariedade. É um investimento social de  longo prazo."

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Sábias palavras

Assistir partos é como cultivar rosas
Maravilha-se com as que simplesmente se abrem
E florescem ao primeiro beijo do sol
Mas você não ousaria forçar a abertura
Das pétalas dos botões fechados
E obrigá-los-los a florir em um tempo que não é deles.
                                                                   Gloria Lemay

terça-feira, 3 de maio de 2011

Menstruação =X

A verdade é que a menstruação ainda é um tabu social. Mesmo entre mulheres. Mais ainda entre homens... Ainda achamos que menstruar é ruim, incômodo, sujo, nojento. Quem nunca ouviu dizerem quando você está irritada: "ih... tá de chico!"? Como se mais nenhum motivo irritasse uma pessoa, homem ou mulher. Existe sim, uma mudança com nosso corpo neste período, hormônios atuam, emoções se afloram (ruins e boas), exalamos feromônios, poder, inspiramos criação! A menstruação é a evidência de que o poder de Criação está em nós! Mudando nossa relação com nosso ciclo, mudamos o que sentimos quando o experimentamos. Existe um grande grupo ativista nesse movimento que afirma que mulheres que experimentam seu ciclo sob essa visão não têm TPM (ou têm menos), não sentem cólica (ou sentem muito pouca). Alguns estudos apontam que esses sintomas não têm causa fisiológica, mas são sintomas físicos oriundos de uma somatização de conceitos há muito arraigados em nossa história. Vejam bem, eu não sou médica, mas já ouvi isso em diversas palestras. Eu já fui cética quanto à isso, ouvia e achava uma grande besteira. O útero contrai = dói! Enxurrada de hormônios = fico puta da vida! Mas eu estava inserida num grupo de mulheres que não pensava nem agia assim e fui lentamente interiorizando certos conceitos, participando de seus encontros "vermelhos", me identificando, as admirando e comecei a gostar da minha menstruação e me ver de outra forma. EU não sinto mais cólica, EU não sinto mais dor de cabeça, não sinto mais sono, não fico mais indisposta, não fico mal-humorada, pelo contrário, me permito ter acessos de raiva sim, mas também tenho momentos de extremo prazer e euforia, pois a variação hormonal também permite isso! Diante disso, eu não tinha mais como achar besteira, então passei a divulgar, pois me fez tão bem... Segundo esses ativistas, se encaramos nossa menstruação como a época em que estamos poderosas, nossa feminilidade aflorada, em que nosso corpo deflagra a renovação para um novo ciclo de criação, que denota em nós a capacidade de criadoras de vida, conseguimos mudar os sintomas que experimentamos com a visão que recebemos por osmose de que o nosso sangue menstrual é nojento, que mulher menstruada é impura, que quando está "de chico" ninguém precisa levar a sério seus anseios e sentimentos,  antigamente dizia-se que ela não podia sentar à mesa com os demais, que devia ter louça separada, que quando segurava o leite, ele talhava... tanta besteira...
Sabe de onde isso vem?
Muito mais antigamente, antes do advento do patriarcado, quase toda sociedade já foi matrifocal. Era diferente de matriarcal, ou seja, liderada por mulheres, matrifocal significava centrada no feminino. Nessa época, o sangue menstrual era reverenciado como sagrado, pois assim o eram as mulheres. Elas eram curiosas: sangravam por dias e não morriam. Quando esse sangue demorava, ela se recolhia e gerava um outro ser. E o alimentavam de seus próprios corpos. Eram Deusas! Criadoras! Eram sagradas. Cada um tinha seu papel na sociedade, homens e mulheres e esse era um papel encarado com muita felicidade, pois era PRIVILÉGIO das mulheres ter esse dom. E não um fardo. Era privilégio das mulheres sangrar, pois era isso que lhes dava o privilégio de gerar, criar, de ser Deusa!
Com o patriarcado, perdemos essa visão. Continuamos sangrando e parindo, mas não mais somos vistas nem nos sentimos Deusas. O patriarcado precisava centrar a atenção no masculino, para que esse fosse o foco e fonte maior de poder. E a dessacralização de tudo que era feminino foi o meio de se atingir esse objetivo. Triste, não? Essa ação tinha como objetivo o resgate dessa visão, desse sentimento em relação ao ciclo feminino, não mais com visão focada em gênero, mas com a visão centrada em integração. Feminina e masculina. 
E sim, mulheres que convivem muitas vezes menstruam juntas, o que prova que estamos mesmo em uma irmandade! =) Uma irmandade vermelha!
Beijos vermelhos a tod@s!!!